Não é novidade que os novos «inquisidores»
adeptos do «politicamente (in)correcto»
e que praticam o revisionismo histórico-cultural-literário podem fazer «alvos»
de tudo e de todos. Assim, não é de surpreender que também José Maria Eça de
Queiroz tenha sido, e recentemente, colocado na «mira» deles, para um eventual,
próximo, «cancelamento», parcial ou mesmo total.
Helena Matos, no blog Blasfémias, deu a 7 de Março último o alerta e fez soar como que um «alarme». Referindo-se a uma notícia saída no Observador, a historiadora e comentadora considera que «era
mesmo o que faltava: a Associação de Professores de Português considera que uma
leitura de “Os Maias”, de Eça de Queiroz, implica a análise dos preconceitos
raciais do discurso narrativo e das personagens, assim como inserir esse
discurso no contexto histórico. Bastou que uma esperta qualquer numa
universidade dos EUA fizesse uma apreciação sobre “Os Maias” para que logo aqui
na pátria se desatasse a falar dos preconceitos raciais do discurso narrativo e
das personagens d’”Os Maias”. E porque não contextualizar os preconceitos sobre
as espanholas, as beatas ou os meninos vestidos de anjos? E o que fazemos à
“Odisseia”? Ao Camões? Ao Fernão Mendes Pinto? Ao Pessoa? Ao Camilo?.. Querem
literatura de manual político, feita a pensar nos comissões disto e daquilo?
Escrevam-na. Será uma bosta mas é afinal isso o que sabem fazer.»
O assunto foi novamente abordado pelo
Observador, no passado dia 12 de Março, mas dessa vez no seu canal de rádio e
através de um debate em que participaram Francisco José Viegas e Luís Filipe
Redes. (Também no MILhafre.)