Como já referimos várias vezes, Eça de Queiroz tem merecido, e com toda a justificação, uma atenção constante e interessada ao longo dos anos, desde a sua morte, atravessando todo o século XX e prolongando-se para este XXI; atenção essa expressa em regulares reedições das suas obras, na publicação de ensaios e de estudos sobre aquelas e sobre a vida do escritor, e na realização de diversas iniciativas que de alguma forma incidem numas, na outra ou em ambas – um exemplo mais recente é, obviamente, dado pelo 2º Congresso Internacional «Eça de Queiroz, 150 Anos», organizado este ano, tal como o primeiro em 2019, pelo Movimento Internacional Lusófono. Porém, neste âmbito como em outros, não deveria valer tudo…
… Como
o demonstra um livro recente sobre (e d)o autor de «A Relíquia», que consiste
numa compilação de textos sobre outros países e outros povos, e que foi
divulgado por Maria do Rosário Pedreira a 26 de Outubro último em post no seu blog Horas Extraordinárias. Em que coloquei dois comentários, sendo o segundo
este: «(…) Estando, como seria de prever (porque é a Quetzal que o
publica), o livro acima referido impresso em “acordês”, obviamente desaconselho
a sua aquisição e até a sua leitura - nenhum respeito merece um trabalho que,
por exemplo, na mesma página, tem “Egito” e “egípcia”, e, talvez pior, mutila,
falsifica, duas citações de outra autora. É sempre preferível recorrer, e não
apenas em relação a Eça de Queiroz, a edições anteriores, de épocas em que a
ortografia em Portugal ainda não se tornara uma completa anedota.»
A página
em questão é, como se pode ver aqui, a número oito. E nela também se lê quem é
a outra autora mencionada, cujas palavras foram, sim, mutiladas, falsificadas,
por terem sido «acordizadas»: Maria Filomena Mónica, cujo livro «Eça de Queirós» - ironicamente, também editado pela Quetzal – é talvez e tão só a
maior e a melhor biografia do grande escritor até hoje publicada.
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