sexta-feira, 17 de maio de 2019

Portugal, por um seu contemporâneo


Numa iniciativa sobre José Maria Eça de Queiroz é inevitável e até desejável lembrar, citar, (re)avaliar e (re)valorizar os seus contemporâneos, conhecidos, colegas, amigos, vários dos quais obtiveram notoriedade e influência cultural e/ou política perene por mérito próprio. Um desses amigos e contemporâneos – e que, aliás, nasceu no mesmo ano do autor de «A Relíquia», ou seja, 1845 – foi Joaquim Pedro Oliveira Martins.
A editora Bookbuilders reeditou em 2018 aquela que é provavelmente a obra mais famosa e importante daquele, «Portugal Contemporâneo». E, em texto publicado no blog Delito de Opinião no passado dia 15 de Maio, Pedro Correia apontou os motivos dessa fama e dessa importância: «É um monumento, equivalente naquilo que hoje se convencionou chamar escrita de “não-ficção” a esse ponto cimeiro do romance intitulado “Os Maias”. (…) Com edição original de 1881, em dois volumes, estende-se da morte de D. João VI, em 1826, à “Revolta da Janeirinha”, que pôs fim ao período da Regeneração, em 1868. O balanço do Portugal oitocentista, na óptica do autor, não podia ser mais negativo: o país vivera sob sucessivas ocupações estrangeiras, com duas décadas de soberania militar e política inglesa na sequência das invasões francesas, e atravessou quase todo o século sob o espectro da bancarrota. Situação muito agravada pela traumática independência do Brasil, em 1822, só reconhecida três anos depois por Lisboa, e pela dilacerante guerra dinástica que se estendeu de 1828 a 1834, fracturando o reino entre absolutistas e liberais. A obra destila pessimismo. Sobre um tempo em que, segundo OIiveira Martins, o “antigo comunismo monástico”, varrido com a deposição e o banimento perpétuo de D. Miguel, dera lugar ao “comunismo burocrático” das décadas liberais. Nesta sucessão de episódios trágicos ou burlescos, com uma peculiar liberdade de interpretação dos factos e um extraordinário poder descritivo, perpassa uma galeria de personagens sujeitas aos cáusticos parágrafos do narrador.» 
Impõe-se porém fazer a correcção de um erro neste texto: Antero de Quental não integrou o grupo denominado «Vencidos da Vida», ao contrário de Eça de Queiroz e de Oliveira Martins.

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16 de Outubro: 3º Congresso Internacional Eça de Queiroz, 150 Anos

Ver Programa:  https://www.bnportugal.gov.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=1830%3A3-encontro-internacional-eca-de-que...